LP Zé Ramalho - De Gosto, De Água e De Amigos

Disco VG+/Capa e Encarte VG

O álbum "De Gosto, de Água e de Amigos" de Zé Ramalho foi lançado em 1985 e é o sétimo álbum de estúdio de sua carreira. Nesse trabalho, Zé Ramalho manteve sua característica fusão de ritmos nordestinos, como o baião e o forró, com influências de rock e folk, além de sua inconfundível poesia existencial e crítica social. O título reflete temas que são recorrentes na obra do cantor: a amizade, as emoções humanas e a natureza, com a água simbolizando a fluidez da vida.

História do álbum:

Zé Ramalho já era um dos nomes mais respeitados da música brasileira na época, conhecido por sua voz grave e suas composições densas e filosóficas. Em "De Gosto, de Água e de Amigos", ele dá continuidade à sua abordagem única, que mistura as tradições nordestinas com a música moderna, criando um som universal, mas profundamente enraizado em sua identidade cultural.

O álbum foi lançado em um período de transição no Brasil, com o país se aproximando do fim da ditadura militar e entrando em um novo momento político. As letras de Zé Ramalho frequentemente abordam questões como a liberdade, a busca por identidade e a crítica às injustiças sociais, o que reflete esse contexto.

Com arranjos que combinam guitarras elétricas com sanfona e percussão nordestina, "De Gosto, de Água e de Amigos" é uma obra que reafirma o papel de Zé Ramalho como um dos principais representantes da música brasileira de fusão, criando um som autêntico e original.

Faixas do álbum:

1. "De Gosto, de Água e de Amigos"
   A faixa-título é uma reflexão sobre os laços de amizade e as experiências compartilhadas ao longo da vida. Com uma melodia suave, a canção traz uma mensagem de valorização dos pequenos prazeres e da simplicidade.

2. "Aqui é Terra de Índio"
   Uma das faixas mais marcantes do álbum, aborda a questão indígena no Brasil, destacando a luta pela preservação de suas terras e culturas. A música tem uma pegada mais crítica, com uma letra incisiva e uma sonoridade marcante.

3. "O Monte Olímpia"
   Uma canção que explora temas mitológicos e filosóficos, usando o Monte Olimpo como uma metáfora para as ambições humanas e a busca por elevação espiritual.

4. "Mais Além"
   Uma música introspectiva, onde Zé Ramalho canta sobre transcendência e a busca por respostas além do que é visível. A melodia tem uma influência de folk, mesclada com ritmos nordestinos.

5. "Mares do Sul"
   Uma balada romântica e melódica, que evoca imagens de viagens e aventuras por mares distantes, simbolizando as emoções humanas e o desejo de explorar o desconhecido.

6. "Lado Avesso"
   Uma canção mais enérgica, com arranjos que mesclam o rock com o baião. A letra fala sobre as contradições da vida e como o lado avesso de nossas experiências pode revelar novas verdades.

7. "Filhos de Ícaro"
   Outra faixa com referências mitológicas, esta canção faz alusão ao mito de Ícaro para falar sobre os perigos da ambição desmedida e os limites humanos. A música tem uma atmosfera dramática e poética.

8. "O Vento Vai Responder"
   Uma música que fala sobre o tempo e o destino, com uma melodia suave e letras que evocam imagens da natureza e de mudança.

9. "O Contrário de Nada é Nada"
   Uma faixa filosófica, onde Zé Ramalho explora o conceito de vazio e plenitude, com uma abordagem poética e profunda. A melodia é marcada por elementos acústicos e uma atmosfera mais densa.

10. "Quando a Força da Lei"
    Fechando o álbum, esta canção tem uma pegada mais social, falando sobre as injustiças e os abusos de poder, e questionando as consequências das leis que não são justas.

Importância do álbum:

"De Gosto, de Água e de Amigos" é mais um exemplo do talento de Zé Ramalho para abordar temas complexos com uma linguagem poética e musical rica. O álbum mostra sua capacidade de combinar crítica social com reflexões filosóficas e mitológicas, sempre com uma sonoridade única que mistura o regional e o universal.

Este trabalho reafirma o lugar de Zé Ramalho no panteão dos grandes compositores e intérpretes da música popular brasileira, e sua habilidade em criar canções que são atemporais e relevantes. Embora o álbum não tenha tido o mesmo impacto comercial que seus primeiros discos, ele é valorizado pelos fãs por sua profundidade e sua contribuição ao legado artístico de Zé Ramalho.