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Mistrial é o décimo quarto álbum de estúdio do músico norte-americano Lou Reed, lançado em maio de 1986. O álbum reflete a abordagem característica de Reed para o rock alternativo, com temas de crítica social, existencialismo e vida urbana, que marcaram grande parte de sua carreira solo. Embora não seja considerado um de seus álbuns mais importantes, Mistrial demonstra a capacidade de Reed de se adaptar aos sons mais modernos da década de 1980, incluindo o uso de sintetizadores e batidas eletrônicas.

História do Álbum

Após o lançamento de seu álbum anterior, New Sensations (1984), que foi bem recebido pela crítica e público, Lou Reed voltou ao estúdio para gravar Mistrial. Durante esse período, Reed estava passando por uma transição em termos de estilo, adotando uma produção mais moderna e pop, em sintonia com a estética musical dos anos 1980. Ele co-produziu o álbum com o engenheiro de som Fernando Saunders, que também tocou baixo e contribuiu para os arranjos de muitas das faixas.

O título Mistrial sugere um julgamento anulado, e Reed usa essa ideia metaforicamente ao longo do álbum para refletir sobre temas de injustiça, alienação e confusão moral. O álbum apresenta uma mistura de estilos, com Reed explorando um som mais acessível, mas ainda mantendo a sua visão sombria e lírica sobre o mundo.

Faixas do Álbum

Lado A:

1."Mistrial" (3:21)
A faixa-título traz uma batida pulsante e um tom provocador, abordando a ideia de um julgamento moral falho. Reed critica as hipocrisias da sociedade e a falta de justiça.

2."No Money Down" (3:13)
Uma canção sarcástica sobre as promessas vazias de sucesso e materialismo, onde Reed mistura humor e crítica social.

3."Outside" (3:02)
Uma faixa de rock direto com guitarras potentes, abordando o isolamento e o sentimento de ser um estranho, temas recorrentes na obra de Reed.

4."Don't Hurt a Woman" (3:47)
Uma das músicas mais diretas do álbum, onde Reed fala sobre abuso doméstico e o respeito pelas mulheres, com uma mensagem contundente e letras simples.

5."Video Violence" (5:32)
Uma crítica à crescente violência e desumanização que Reed via nos meios de comunicação, especialmente na televisão e no cinema, uma preocupação comum na era da mídia dos anos 80.

Lado B:

6. "Spit It Out" (3:38)
Uma faixa energizante, com Reed desafiando o ouvinte a enfrentar a verdade e abandonar a hipocrisia. A música tem uma pegada forte e direta, com guitarras distorcidas.

7."The Original Wrapper" (3:37)
Uma das faixas mais notáveis do álbum, onde Reed experimenta com elementos de rap e hip-hop, criando um comentário irônico sobre cultura e autenticidade.

8."Mama's Got a Lover" (4:26)
Uma faixa mais introspectiva e melódica, onde Reed aborda relações familiares e mudanças emocionais.

9."I Remember You" (3:13)
Uma balada melancólica sobre amor e perda, onde Reed reflete sobre lembranças e o impacto emocional que elas deixam.

10."Tell It to Your Heart" (5:08)
A faixa final é uma das mais sentimentais do álbum, com Reed oferecendo uma mensagem de honestidade e conexão emocional, em contraste com algumas das críticas mais duras presentes nas faixas anteriores.

Recepção e Impacto

Mistrial teve uma recepção crítica mista, com alguns elogiando a habilidade de Lou Reed de continuar a se reinventar e explorar novos sons, enquanto outros acharam que o álbum carecia da profundidade e ousadia de alguns de seus trabalhos anteriores. A produção mais polida e moderna, típica da década de 1980, foi vista como uma tentativa de Reed de se alinhar com as tendências pop e de rock mainstream da época, o que dividiu opiniões.

As faixas "No Money Down" e "The Original Wrapper" foram lançadas como singles, e a última é lembrada por seu estilo inovador, onde Reed brinca com elementos de rap, algo incomum para ele, embora fosse uma crítica à superficialidade da cultura pop.

Apesar das críticas, o álbum é visto como uma peça interessante na evolução de Lou Reed como artista, mostrando sua habilidade de se adaptar às mudanças culturais e musicais, ao mesmo tempo em que mantinha sua abordagem única e suas letras mordazes. Mistrial pode não ter alcançado o mesmo impacto de álbuns como Transformer ou Berlin, mas continua sendo um trabalho que exemplifica a inquietude criativa de Lou Reed e sua disposição de explorar novos territórios sonoros.