Disco Novo Lacrado
Houses of the Holy é o quinto álbum de estúdio da banda britânica Led Zeppelin, lançado em 28 de março de 1973. Este álbum marcou uma nova fase criativa para a banda, introduzindo uma maior diversidade musical em relação aos trabalhos anteriores. Enquanto os primeiros álbuns do Led Zeppelin eram mais focados no blues rock e no hard rock, Houses of the Holy explora novos territórios, incorporando elementos de reggae, funk, folk, e rock progressivo, além de continuar com a sonoridade pesada e complexa que os consagrou.
O álbum foi amplamente aclamado tanto pela crítica quanto pelos fãs, e algumas de suas faixas se tornaram clássicos da banda. No entanto, ao contrário dos álbuns anteriores, nenhum título de faixa leva o nome do álbum. A capa icônica, criada pela Hipgnosis, é uma imagem surreal de crianças escalando uma paisagem de pedras laranjas, e é inspirada no livro Childhood's End de Arthur C. Clarke.
Após o lançamento do monumental Led Zeppelin IV em 1971, que incluía o hino "Stairway to Heaven", o Led Zeppelin estava em um momento de grande sucesso e liberdade criativa. As sessões de gravação para Houses of the Holy começaram no final de 1972 e ocorreram em diversos estúdios, incluindo o estúdio caseiro de Mick Jagger, Stargroves, e o Electric Lady Studios, em Nova York.
O álbum foi visto como um afastamento da sonoridade mais crua e bluesy dos álbuns anteriores, trazendo novas influências e experimentações. Isso refletia o desejo da banda de continuar inovando e de não se repetir artisticamente. O resultado foi um álbum diversificado, com músicas que exploram uma ampla gama de gêneros, mas que ainda mantém a essência do som do Led Zeppelin.
"The Song Remains the Same" – 5:29
O álbum abre com uma faixa energética, que inicialmente foi concebida como uma instrumental chamada "The Overture". "The Song Remains the Same" começa com guitarras rápidas e camadas de instrumentos, antes de entrar nos vocais de Robert Plant. A música celebra o poder universal da música e sua capacidade de transcender fronteiras culturais e geográficas.
"The Rain Song" – 7:39
Uma das baladas mais belas e sofisticadas da banda, "The Rain Song" é uma peça lírica e atmosférica, que combina elementos de rock progressivo e música clássica. Com um arranjo orquestral de guitarras, a faixa destaca a versatilidade musical de Jimmy Page e a profundidade emocional dos vocais de Plant. A música foi inspirada por George Harrison, que teria dito a Plant que o Led Zeppelin nunca escrevia baladas.
"Over the Hills and Far Away" – 4:50
"Over the Hills and Far Away" começa com uma introdução suave de violão acústico, que rapidamente se transforma em um riff de guitarra elétrica. A faixa combina o som folk do início com o hard rock pelo qual o Led Zeppelin é conhecido, criando uma dinâmica interessante e uma das canções mais cativantes do álbum.
"The Crunge" – 3:17
Uma das faixas mais experimentais do álbum, "The Crunge" é uma homenagem ao funk, em especial à música de James Brown. Com um ritmo sincopado, um baixo pulsante de John Paul Jones e uma guitarra funky de Page, a faixa é uma das mais incomuns da discografia da banda. As letras de Plant são brincalhonas, perguntando "Where's that confounded bridge?", uma referência ao funk e à estrutura de canções de James Brown.
"Dancing Days" – 3:43
"Dancing Days" é uma faixa mais leve e otimista, com uma linha de guitarra vibrante e um groove cativante. A música foi escrita durante as sessões de gravação no Stargroves, e suas letras falam sobre a sensação de alegria e liberdade. A canção tem uma energia descontraída que a tornou popular tanto entre fãs quanto em shows ao vivo.
"D'yer Mak'er" – 4:23
Outra faixa experimental, "D'yer Mak'er" é a incursão da banda no reggae. O título da música é uma brincadeira fonética com o sotaque britânico da frase "Did you make her?" e também uma referência à Jamaica, país de origem do reggae. Embora não seja uma das faixas mais apreciadas pelos críticos na época, tornou-se uma música divertida e descontraída, que explorava novos horizontes para a banda.
"No Quarter" – 7:00
Uma das faixas mais sombrias e atmosféricas do álbum, "No Quarter" é um épico de rock progressivo que destaca o trabalho de John Paul Jones nos teclados. A música tem uma atmosfera gelada e misteriosa, com letras enigmáticas sobre lealdade e sacrifício. A voz distorcida de Plant e o riff sombrio de Page fazem desta uma das faixas mais memoráveis e inovadoras do álbum.
"The Ocean" – 4:31
A faixa de encerramento do álbum, "The Ocean" é uma homenagem ao público dos shows da banda, descrito como "um oceano de cabeças". A música tem um riff de guitarra marcante e uma batida rítmica divertida, com um groove constante fornecido por John Bonham na bateria. A faixa é energética e divertida, encerrando o álbum com uma nota animada.
Houses of the Holy foi um enorme sucesso comercial e crítico, estreando no topo das paradas tanto no Reino Unido quanto nos Estados Unidos. O álbum demonstrou a capacidade do Led Zeppelin de se reinventar e explorar novos territórios musicais, sem perder sua identidade como uma das maiores bandas de rock da época. A diversidade musical do álbum — desde o hard rock até o reggae, passando pelo funk e o rock progressivo — mostrou que o Led Zeppelin não estava limitado a um único estilo ou fórmula.
Ao longo dos anos, Houses of the Holy se tornou um dos álbuns mais apreciados da banda e continua a ser uma obra importante dentro da discografia do Led Zeppelin. Faixas como "The Rain Song", "No Quarter" e "Over the Hills and Far Away" se tornaram clássicos do rock, sendo frequentemente tocadas em shows ao vivo e citadas como exemplos da habilidade musical e criatividade da banda.
Houses of the Holy é um álbum que mostra a versatilidade e a ambição artística do Led Zeppelin. Com uma mistura eclética de gêneros e uma abordagem inovadora para o rock, o álbum expandiu os limites do que a banda poderia fazer e solidificou seu status como uma das mais influentes do rock. Cada faixa contribui para o legado duradouro do Led Zeppelin como inovadores musicais, capazes de navegar por diferentes estilos e ainda assim manter sua marca registrada de peso, melodia e criatividade.